Vou te carregar como um fardo
em meus ombros nem tão fortes,
vou te levar como as canções chatas
que não saem da cabeça de bom grado,
te trazer marcada na pele
– fronteira entre mim e o mundo –
não como inesperada cicatriz,
mas como tatuagem voluntária,
onde não consiga te ver sem um espelho.
E vou.
Vou seguir
sem você, mas
com a tua presença
me lembrando um incômodo
ou menos, um memória apenas,
um princípio diluído inocuamente,
talvez um soro contra tudo
que não foi perdoado.
Arrisco dizer que – breve? tarde? –
você passará
e não passará
de uma breve tarde
nublada e esquecida
nesta semana passageira
que é a vida.