Sentada na varanda
Regina se deixou levar
pelo hálito da montanha
e a eletricidade no ar.
Ela reparou – veja só –
que há dança nas coisas.
– Não, não há dança nelas!
São dança elas mesmas,
comenta pela janela,
por entre uma rosa seca
e um cravo que viceja.
– Se já não sou como era,
ainda danço, veja.
Estava leve, ela,
na varanda,
como folha que voeja.
Regina olhava o céu
como quem conseguisse
ver o próprio tempo.
O balé da vida estava em seus olhos,
eu via.
Os pássaros, as palmas, a chuva.
E assim Regina deixou a varanda
para integrar a paisagem.
Da janela nós a vemos como a banda
de passagem
contando coisas de amor.