LIVRO

Queria me ver livre das páginas amareladas
e de todo cheiro de conhecimento novo
em forma de pó.
A embarcação de papel me leva
ao mundo abstrato de imagens em ação,
mundo leve de formas pesadas.

E a concretude se desdobra em sonho,
o onírico se esvai em letras…
a multiplicidade latente de sentidos
altera-se em lápides esculpidas à mão,
unilaterando todo um universo.
Literatura.
Lápis em punho destruindo em signos
o insignificável.

Fui moldado às folhas mil,
minha capa dura não se dobra, move-se
apenas o suficiente para abrir caminho
a uma tênue cicatriz de ideias.
Folhas falhas, filhas de um sentimento fútil
de aprisionar palavras, antes
pensamentos, folias…
Fui moldado e sou retangular.
Reta angular. Tijolo.
Paralelepipedada
na vidraça do ser.

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